“Eles queriam alguém que gostasse, que conhecesse música. Depois de três meses, eu fui efetivado.” Normando Spengler, vendedor que começou como temporário nas Livrarias Curitiba
Emprego
Somente o setor varejista deve abrir 123 mil vagas temporárias neste ano, sendo 9,2 mil no Paraná
Embora o número de vagas seja maior do que o registrado no ano passado, as estimativas da Asserttem mostram que deve haver uma queda nas efetivações. Em 2008, cerca de 28% dos temporários permaneceram com o trabalho após o fim do ano. Para 2009, a estimativa é de que o índice caia para 17%, em média. “A economia ainda está se recuperando da crise. Passada a demanda de fim de ano, as empresas não terão condições de absorver tanta mão de obra como em anos anteriores”, diz o diretor regional da Asserttem no Paraná, Danilo Padilha.
Mercado
Gripe e crise reduzem vagas
Um julho atípico, marcado pelo temor da contaminação pela gripe A e ainda sob os efeitos da crise econômica, fez com que o número de vagas temporárias abertas para o período de férias despencasse em relação ao registrado em 2008. Segundo os cálculos da Asserttem, 12 mil pessoas fizeram trabalhos temporários no mês passado – principalmente em atividades ligadas ao lazer e entretenimento. No ano passado, o número de vagas chegou a 15,5 mil no mesmo período. No Paraná, o número de contratações caiu de 1.158 em 2008, para pouco menos de 900 neste ano. (CS)
Contrato é de 90 dias
A grande maioria dos contratos temporários é regida pela Lei 6019/74 – é ela que regulamenta a intermediação de mão de obra por um período. “Em geral, uma determinada empresa contrata e coloca a pessoa à disposição da loja ou da indústria, por exemplo, para um período determinado”, explica o advogado Sidnei Machado, professor de Direito do Trabalho da Universidade Positivo. Os funcionários podem ser contratados por um período de até 90 dias – em alguns casos, prorrogável por mais 90 dias – e têm os mesmos direitos dos efetivados. “Eles devem receber o mesmo salário, 13º salário e férias proporcionais no fim do contrato”, diz Machado. A única diferença é que não há o aviso prévio nem indenizações. E caso o empregado seja contratado definitivamente, ele terá um novo contrato de trabalho, em nome da própria empresa em que vai trabalhar.
Há 20 dias no novo emprego temporário, a estudante Fabiane Muller já sonha com um destes contratos definitivos. “Estou me esforçando para garantir que vou ser efetivada”, conta a nova vendedora da loja de roupas Crossville, no shopping Palladium.
A orientação da gerente de conta da empresa de recursos humanos EthiGroup, Luana Diaz, para quem, como Fabiane, também quer transformar um emprego temporário em definitivo é mostrar iniciativa. “As empresas costumam contratar os funcionários que se destacam. Para isso, é preciso mostrar iniciativa e interesse, participar do dia a dia como se já fosse contratada”, diz. “Saber trabalhar bem em equipe também conta muito.” (CS)
A crise também deve provocar um atraso no início das contratações, na opinião do economista Gilmar Mendes Lourenço, coordenador do curso de Economia do Fae Centro Universitário. “Como ainda há muita incerteza, a tendência é que as empresas retardem ao máximo as contratações de fim de ano, até ter uma noção melhor de como o mercado vai reagir”, diz o professor.
Perfil
A contratação de temporários para o varejo deve começar no fim de setembro e a principal oferta, diz Padilha, que também é diretor da Neo RH, deve ser de vagas para vendedores. Mas nesta época, os varejistas também procuram fiscais de loja, estoquistas e empacotadores, operadores de telemarketing, analistas de crédito e, claro, pessoas para a função de Papai Noel. “Cerca de 80% das vagas são para atividades de contato com o público. Por isso, as empresas querem pessoas dinâmicas, com uma boa postura e facilidade para conversar.”
Segundo o diretor, os contratantes costumam diminuir a exigência de experiência prévia para esse tipo de contrato. Pelas estimativas da Asserttem, em média 27% dos contratados estarão no seu primeiro emprego. “Mais do que experiência em outros empregos, nesses casos conta a afinidade da pessoa em determinada área”, completa Padilha.
Foi essa afinidade que garantiu ao músico Normando Spengler uma vaga temporária no setor de áudio e vídeo em uma das lojas das Livrarias Curitiba, mesmo sem experiência anterior como vendedor. “Eles queriam alguém que gostasse, que conhecesse música. E eu estava desemprego há 6 meses, procurando um trabalho em algo que eu gostasse.” Depois de três meses, a carteira foi assinada definitivamente. “Uma outra pessoa saiu e eu fui efetivado”, comemora. A partir de novembro, as Livrarias Curitiba devem começar a contratar uma nova turma de temporários – serão 180 pessoas para as 16 lojas da rede.
A curitibana Pró-eventos, especializada na terceirização de mão de obra promocional, espera contratar 600 funcionários temporários. O diretor da empresa, Fabrício de Macedo, diz que o “fantasma da recessão” não foi suficiente para diminuir o ritmo de contratações no primeiro semestre e não deve atrapalhar o fim do ano. “Até porque, em situação de crise, de ameaça de recessão, as empresas têm que promover seus produtos ainda mais, colocar mais gente para vendê-los”, aposta.
Indústria
Na indústria, a seleção e contratação de funcionários já está em andamento. A fabricante de cosméticos O Boticário, que tem fábrica em São José dos Pinhais, está selecionando 200 temporários, que devem trabalhar por 90 dias para atender um aumento de demanda de cerca de 30% no fim do ano. Estão sendo selecionados auxiliares de produção e auxiliares de expedição.
A Kraft Foods, multinacional fabricante de alimentos, também já está selecionando funcionários para as linhas de produção de sua fábrica na Cidade Industrial de Curitiba. A dona da marca Lacta, no entanto, não tem como foco principal o Natal e sim, a demanda extra da Páscoa de 2010. No escritório da empresa de recursos humanos GD9 em Curitiba, há no momento 500 vagas abertas para a área de produção, com início imediato.
Eventos
A retomada dos eventos – muitos foram cancelados nos dois últimos meses por receio de contágio da gripe A – também deve trazer de volta vagas temporárias de recepcionistas, montadores e garçons, entre outros. Só neste último fim de semana, as feiras Ferramental, de máquinas e ferramentas, Eletron, da indústria elétrica e a Feipack, de embalagem, geraram juntas 2,5 mil empregos temporários.
Fonte Gazeta do Povo
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