Cinco executivos contam como lidam com o relacionamento amoroso de funcionários na empresa
É quase inevitável. Ao passar mais de oito horas dividindo o mesmo teto, discutindo projetos e almoçando juntos, a chance de funcionários virarem casais nas empresas é grande. Proibir o relacionamento parece não ser a solução. Colocar algumas regras na situação, sim. Para discutir essa política, convidamos José Carlos Nascimento, diretor de recursos humanos para a América Latina da BT; Mauro Mariz, diretor de recursos humanos da Riachuelo; Mônica Longo, diretora de RH da Nivea; José Renato Domingues, diretor de RH da International Paper; e André Rapoport, diretor de recursos humanos da farmacêutica Sanofi-Aventis. Veja a seguir como cada empresa lida com a questão.
“Por ser a Riachuelo uma empresa com mais de 13 000 colaboradores e de perfil predominantemente jovem, este assunto é tratado de forma bastante clara e objetiva em nosso Manual de Conduta Disciplinar e Ética. Na Riachuelo não é permitido o relacionamento amoroso entre colaboradores quando há algum grau de subordinação entre eles, ou, ainda, que direta ou indiretamente possa influenciar nas atividades do parceiro ou da parceira. Caso uma situação dessas aconteça, os colaboradores envolvidos devem comunicar esse fato aos seus gestores e ao Comitê de Ética, que verificarão a possibilidade de remanejamento de um dos colaboradores para uma outra área da empresa.”
Mauro Mariz, Diretor de RH da Riachuelo
"Há pouco tempo, um dos profissionais com quem trabalhei no passado me ligou dizendo que sua namorada pedira demissão do emprego. Razão: ambos trabalham na mesma empresa e estão de casamento marcado. O relacionamento amoroso entre colaboradores é expressamente proibido na companhia em que ele trabalha. Acredito que esta prática pode estar desaparecendo do mercado, mas ainda há várias empresas que a adotam com muito rigor. Hoje, na BT, uma empresa de origem britânica, esse tipo de relacionamento é permitido. Passamos, muitas vezes, mais tempo de nossa vida na empresa, o que contribui para que as pessoas acabem se relacionando mais dentro das corporações do que fora delas. Isso é natural. Dentro desse contexto é muito comum aparecer os ‘casais-empresa’. Aqui não temos restrição quanto a esse tipo de envolvimento entre funcionários, porém, é preciso seguir algumas regras. Ambos não podem estar numa linha de reporte gerencial, ou seja, um não pode se reportar ao outro. Esse tipo de relacionamento não pode também, de forma alguma, interferir dentro da empresa. O que significa que permitimos, mas da porta para fora. Quando estiverem no ambiente corporativo são colaboradores como todos os outros e o tratamento entre ambos deve ser estritamente profissional.”
José Carlos Nascimento, Diretor de RH para a América Latina da BT
“Aqui na Nivea, relacionamento amoroso entre colaboradores é permitido, desde que atendidos alguns requisitos. Não é permitido haver grau de subordinação entre os envolvidos, assim como os parceiros não devem ocupar posições que possam influenciar direta ou indiretamente a carreira ou o desenvolvimento do outro. No nosso Código de Conduta, explicitamos estas condições e pedimos aos colaboradores que informem os seus superiores imediatos sobre situações que possam gerar este tipo de conflito de interesse, para assim planejarmos eventuais remanejamentos. Nos casos em que os requisitos são atendidos, esperamos que dentro da empresa os parceiros adotem uma postura profissional um com o outro e que se relacionem como colegas de trabalho, e não como namorados ou marido e mulher. Temos três casais que se conheceram aqui e hoje são casados; dois casos de namoro; duas suspeitas de namoro e um caso de noivado que não deu certo. Em todas as situações os requisitos de subordinação/influência foram analisados e aprovados.”
Mônica Longo, Diretor de RH da Nivea
"É natural que em empresas nas quais os profissionais gostem de trabalhar e passem uma parcela importante do tempo estabeleçam-se relações de vínculo afetivo, tanto de amizade como de relacionamento amoroso. Seria ilusão imaginarmos que haveria efetividade em qualquer tipo de proibição. Desta forma, a Sanofi-Aventis não faz qualquer proibição neste tipo de envolvimento, desde que sejam, claro, preservadas as condições para evitar alguns tipos de situações que possam ser interpretadas como conflitos de interesse ou impedimento da confidencialidade de determinadas informações. Um exemplo claro dessa situações é um envolvimento amoroso entre chefe e subordinado(a).”
André Rapoport, Diretor de RH da Sanofi-Aventis
"Na International Paper, temos vários casos de casais de namorados e marido e mulher. Sem contar os familiares — pais, filhos e irmãos que trabalham juntos. A empresa cresceu muito e hoje já somos 2 500 funcionários. Isso vira um círculo muito fechado e a chance de as pessoas se identificarem e iniciarem um relacionamento é grande. Nós levamos o assunto à governança apenas nos casos em que pode haver subordinação, para não causar problemas e comprometer a liberdade que as pessoas têm.”
José Renato Domingues, Diretor de RH da International Paper
Fonte VOCÊ RH
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