CARL GUSTAV JUNG
Dentre todos os conceitos de Carl Gustav Jung, a idéia de introversão e
extroversão são as mais usadas. Jung descobriu que cada indivíduo pode ser
caracterizado como sendo primeiramente orientado para seu interior ou para o
exterior, sendo que a energia dos introvertidos se dirige em direção a seu
mundo interno, enquanto a energia do extrovertido é mais focalizada no mundo
externo.
Entretanto, ninguém é totalmente introvertido ou extrovertido. Algumas vezes a
introversão é mais apropriada, em outras ocasiões a extroversão é mais adequada
mas, as duas atitudes se excluem mutuamente, de forma que não se pode manter
ambas ao mesmo tempo. Também enfatizava que nenhuma das duas é melhor que a
outra, citando que o mundo precisa dos dois tipos de pessoas. Darwin, por
exemplo, era predominantemente extrovertido, enquanto Kant era introvertido por
excelência.
O ideal para o ser humano é ser flexível, capaz de adotar qualquer dessas
atitudes quando for apropriado, operar em equilíbrio entre as duas.
As Atitudes: Introversão e Extroversão
Os introvertidos concentram-se prioritariamente em seus próprios pensamentos e
sentimentos, em seu mundo interior, tendendo à introspecção. O perigo para tais
pessoas é imergir de forma demasiada em seu mundo interior, perdendo ou
tornando tênue o contato com o ambiente externo. O cientista distraído,
estereotipado, é um exemplo claro deste tipo de pessoa absorta em suas
reflexões em notável prejuízo do pragmatismo necessário à adaptação.
Os extrovertidos, por sua vez, se envolvem com o mundo externo das pessoas e
das coisas. Eles tendem a ser mais sociais e mais conscientes do que acontece à
sua volta. Necessitam se proteger para não serem dominados pelas exterioridades
e, ao contrário dos introvertidos, se alienarem de seus próprios processos
internos. Algumas vezes esses indivíduos são tão orientados para os outros que
podem acabar se apoiando quase exclusivamente nas idéias alheias, ao invés de
desenvolverem suas próprias opiniões.
As Funções Psíquicas
Jung identificou quatro funções psicológicas que chamou de fundamentais:
pensamento, sentimento, sensação e intuição. E cada uma dessas funções pode ser
experienciada tanto de maneira introvertida quanto extrovertida.
O Pensamento
Jung via o pensamento e o sentimento como maneiras alternativas de elaborar
julgamentos e tomar decisões. O Pensamento, por sua vez, está relacionado com a
verdade, com julgamentos derivados de critérios impessoais, lógicos e
objetivos. As pessoas nas quais predomina a função do Pensamento são chamadas
de Reflexivas. Esses tipos reflexivos são grandes planejadores e tendem a se
agarrar a seus planos e teorias, ainda que sejam confrontados com contraditória
evidência.
O Sentimento
Tipos sentimentais são orientados para o aspecto emocional da experiência. Eles
preferem emoções fortes e intensas ainda que negativas, a experiências apáticas
e mornas. A consistência e princípios abstratos são altamente valorizados pela
pessoa sentimental. Para ela, tomar decisões deve ser de acordo com julgamentos
de valores próprios, como por exemplo, valores do bom ou do mau, do certo ou do
errado, agradável ou desagradável, ao invés de julgar em termos de lógica ou
eficiência, como faz o reflexivo.
A Sensação
Jung classifica a sensação e a intuição juntas, como as formas de apreender
informações, diferentemente das formas de tomar decisões. A Sensação se refere
a um enfoque na experiência direta, na percepção de detalhes, de fatos
concretos. A Sensação reporta-se ao que uma pessoa pode ver, tocar, cheirar. É
a experiência concreta e tem sempre prioridade sobre a discussão ou a análise
da experiência.
Os tipos sensitivos tendem a responder à situação vivencial imediata, e lidam
eficientemente com todos os tipos de crises e emergências. Em geral eles estão
sempre prontos para o momento atual, adaptam-se facilmente às emergências do
cotidiano, trabalham melhor com instrumentos, aparelhos, veículos e utensílios
do que qualquer um dos outros tipos.
A Intuição
A intuição é uma forma de processar informações em termos de experiência
passada, objetivos futuros e processos inconscientes. As implicações da
experiência (o que poderia acontecer, o que é possível) são mais importantes
para os intuitivos do que a experiência real por si mesma. Pessoas fortemente
intuitivas dão significado às suas percepções com tamanha rapidez que, via de
regra, não conseguem separar suas interpretações conscientes dos dados
sensoriais brutos obtidos. Os intuitivos processam informação muito depressa e relacionam,
de forma automática, a experiência passada com as informações relevantes da
experiência imediata.
Arquétipos
Dentro do Inconsciente Coletivo existem, segundo Jung, estruturas psíquicas ou
Arquétipos. Tais Arquétipos são formas sem conteúdo próprio que servem para
organizar ou canalizar o material psicológico. Eles se parecem um pouco com
leitos de rio secos, cuja forma determina as características do rio, porém
desde que a água começa a fluir por eles. Particularmente comparo os Arquétipos
à porta de uma geladeira nova; existem formas sem conteúdo - em cima formas
arredondadas (você pode colocar ovos, se quiser ou tiver ovos), mais abaixo
existe a forma sem conteúdo para colocar refrigerantes, manteiga, queijo, etc.,
mas isso só acontecerá se a vida ou o meio onde você existir lhe oferecer tais
produtos. De qualquer maneira as formas existem antecipadamente ao conteúdo.
Arquetipicamente existe a forma para colocar Deus, mas isso depende das
circunstâncias existenciais, culturais e pessoais.
Jung também chama os Arquétipos de imagens primordiais, porque eles
correspondem freqüentemente a temas mitológicos que reaparecem em contos e
lendas populares de épocas e culturas diferentes. Os mesmos temas podem ser
encontrados em sonhos e fantasias de muitos indivíduos. De acordo com Jung, os
Arquétipos, como elementos estruturais e formadores do inconsciente, dão origem
tanto às fantasias individuais quanto às mitologias de um povo.
A história de Édipo é uma boa ilustração de um Arquétipo. É um motivo tanto
mitológico quanto psicológico, uma situação arquetípica que lida com o
relacionamento do filho com seus pais. Há, obviamente, muitas outras situações
ligadas ao tema, tal como o relacionamento da filha com seus pais, o
relacionamento dos pais com os filhos, relacionamentos entre homem e mulher,
irmãos, irmãs e assim por diante.
O termo Arquétipo freqüentemente é mal compreendido, julgando-se que expressa
imagens ou motivos mitológicos definidos. Mas estas imagens ou motivos
mitológicos são apenas representações conscientes do Arquétipo. O Arquétipo é
uma tendência a formar tais representações que podem variar em detalhes, de
povo a povo, de pessoa a pessoa, sem perder sua configuração original.
Uma extensa variedade de símbolos pode ser associada a um Arquétipo. Por
exemplo, o Arquétipo materno compreende não somente a mãe real de cada
indivíduo, mas também todas as figuras de mãe, figuras nutridoras. Isto inclui
mulheres em geral, imagens míticas de mulheres (tais como Vênus, Virgem Maria,
mãe Natureza) e símbolos de apoio e nutrição, tais como a Igreja e o Paraíso. O
Arquétipo materno inclui aspectos positivos e negativos, como a mãe ameaçadora,
dominadora ou sufocadora. Na Idade Média, por exemplo, este aspecto do
Arquétipo estava cristalizado na imagem da velha bruxa.
Jung escreveu que cada uma das principais estruturas da personalidade seriam
Arquétipos, incluindo o Ego, a Persona, a Sombra, a Anima (nos homens), o
Animus (nas mulheres) e o Self.
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