ago 15th, 2011 by Eline Kullock
Por Eline Kullock – @elinekullock
Neste mundo novo e completamente caótico em que vivemos, muita coisa mudou e, talvez, os jovens estejam mais preparados pra enfrentar as novas situações com as quais nos defrontamos.
A sociedade ficou toda interligada e uma ação aqui, de repente, compreende uma reação do outro lado do planeta. Por exemplo, o rebaixamento dos Estados Unidos pela agência Standard & Poor – que classificava o país como triple A, desde 1941 -, na última sexta-feira, foi um fato que gerou conseqüências mundiais instantâneas.
Os Estados Unidos foram rebaixados a dois A+. O triple A é um atestado de que o país não dará um calote nos seus credores. E, com isso, ninguém sabe o que vai acontecer com a economia, a nível mundial. A Europa já está preocupada que a Standard & Poor possa fazer isso também nos países com problemas em seu continente.
Nesse contexto, vemos que a geração Y já nasceu acostumada a uma relação causal mais ampla. Um fato ocorrido aqui pode repercutir no mundo. E a parte boa é que essa geração pode se expressar – e quer fazê-lo – em diversos lugares reais e virtuais. Assim, quando uma coisa acontece, eu posso me expressar pelo Google +, Twitter, Facebook, Orkut ou qualquer outra mídia social. Posso enviar minhas críticas para uma revista real, no tom que eu bem entender. Além disso, posso interpretar uma persona que eu queira, uma personalidade, uma opinião, um personagem.
Há pessoas que têm mais de um perfil em cada mídia social. Será que isso é bom ou é ruim? Sempre temos os dois lados. Com tantas possibilidades de se expressarem, os jovens entram em certa zona de risco. Risco de não saber mais o que, de fato, pensam, ou no que acreditam.
O risco é essa geração mudar de idéia muito rapidamente e ter várias opiniões. O risco é eles serem manipulados por algum “esperto”, como já aconteceu com as massas. Assim, por exemplo, o caso da Geisy Arruda, aquela estudante de certa universidade paulista que vestiu uma saia muito curtinha para ir à aula e foi xingada, tendo que ser escoltada para fora da faculdade.
Engraçado porque depois eu perguntei aos jovens:
- Mas, então, não pode ir para a faculdade com uma sainha curta?
- Pode.
- E pode ir de shortinho?
- Pode!
- Então, por que ela recebeu tantos xingamentos?
- Ah, porque estava legal todo mundo em conjunto, xingando a moça. Mas pode ir para a universidade vestindo saia curta, a gente até gosta mais!
Esse fato me chamou a atenção. Há uma liberdade de expressão maior mas, ao mesmo tempo, há o perigo da ausência de filtros. Cada um diz o que quer, quando deseja, da maneira que bem entende. Como no caso da Geisy Arruda, isso é , a meu ver, perigoso. A multidão pode interferir na opinião dos jovens da geração Y, manipulando esse posicionamento, que já é balançado por natureza, pelo fato de haver tantas oportunidades para expressar opiniões de múltiplas maneiras, com “diferentes tons de voz”, em variados contextos.
Criar e manter um ambiente muito criativo é excelente, mas o controle externo se torna mais difícil. Sei que os jovens podem se expressar mais, mas há a possibilidade de descompromisso.
Termino com a história de um rapaz da geração Y que estava trabalhando e recebeu uma bronca do chefe porque não conseguia terminar a tarefa que lhe foi dada. O moço ficou quieto e não disse um “mas” para o gestor que, por sua vez, até achou que ele não havia reagido, que não tinha entendido. Cinco minutos depois, o funcionário postou em seu Facebook: “Acabou a minha terça-feira feliz”.
Que espécie de filtro é esse que nos faz anunciar ao mundo: “eu fiquei chateado porque levei uma bronca?”. Qual eu espero que seja a reação dos meus chefes quando publico isso, linkando as duas coisas tão facilmente?
Fica aqui a reflexão: o que esta maneira de lidar com a vida – tendo menos filtros, dizendo mais o que se pensa, na hora em que se quer – pode acarretar dentro das organizações e em nossas vidas?