29% dos idosos do país são economicamente ativos. Vagas para a terceira idade têm aumentado, principalmente em supermercados e restaurantes.
Kunio Tsumanuma já passou dos 70 anos, mas parece ter a vitalidade e o ânimo dos 20. Porteiro de um supermercado de Curitiba, ele recepciona os clientes com bom humor e uma boa dose de conversa. “Eu adoro esse trabalho, quando o cliente volta é uma satisfação enorme”, diz. Aos 74 anos, Kunio é um dos 6,5 milhões de idosos que continuam ativos no mercado de trabalho brasileiro.
O número de idosos economicamente ativos, segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) de 2009, representa 29% de todas as pessoas acima de 60 anos. Com a forte expansão de empregos nos últimos dois anos, o número de vagas sem limite de idade e mesmo as voltadas para a terceira idade aumentou. Diversos supermercados e franquias de restaurantes criaram programas para reinserir os idosos no mercado de trabalho.
A franquia curitibana da Pizza Hut também tem uma iniciativa parecida. O programa começou a ser desenvolvido em 2005 e cerca de 20 pessoas da terceira idade já passaram por ele. Atualmente, são seis pessoas em várias posições, como atentdente, cozinheiro e coordenador de equipes. Segundo o gerente de treinamento e recursos humanos da Pizza Hut, Rodolfo Machado, os empregados, além de contribuírem com experiência, trazem mais alegria. “São pessoas que têm mais alegria no que estão fazendo. Também são um exemplo vivo de respeito, trabalho em equipe e compromisso.”
Na rede de supermercados Condor, onde Kunio trabalha, as vagas são geralmente oferecidas por meio da Agência do Trabalhador e a procura é boa. Segundo o setor de recursos humanos da empresa, são cerca de 250 trabalhadores da terceira idade em áreas que vão desde o atendimento ao cliente até mesmo a funções mais técnicas, como padeiro.
Sem parar
Maria Aparecida Dias Chaves, 66 anos, se especializou em Educação e em Treinamento e Formação de Empregados. Decidiu que não queria ficar parada e há sete anos trabalha no varejo. Agora, Maria se dedica ao atendimento de clientes em um supermercado. “Eu gosto de conviver com as pessoas. O ser humano é um ser social, não há como viver sem interagir com os outros e ser feliz”, diz.
Kunio ficou três anos sem trabalhar e não quer parar tão cedo. O porteiro procurou uma das tendas de feiras de emprego da prefeitura e aceitou o trabalho que pudessem lhe dar. Kunio esperou três semanas pela carteira de trabalho, para então começar no novo emprego. “Trabalho é saúde. Eu não tinha experiência em nada, mas atender clientes é o que eu gosto”, afirma.
Contratação cresceu 35%
O número de pessoas acima dos 60 anos economicamente ativas cresceu 35% entre 2001 e 2009. De acordo com a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) de 2001, 4,7 milhões de idosos possuíam uma atividade remunerada. Em 2009, foram registrados 6,5 milhões de pessoas da terceira idade empregadas. No Paraná, 404 mil idosos estão ativos, ou seja, 32% de toda a população idosa do estado.
A população brasileira tem envelhecido gradualmente. Segundo o Censo 2000, 8,5% da população estava acima dos 60. Em 2010, esse número chegou aos 11%, totalizando 21,7 milhões de idosos. A expectativa de vida brasileira também aumentou, chegando a 73,1 anos, segundo o IBGE. Com isso, a pirâmide etária do país tem se aproximado à de nações europeias, onde a população inativa (crianças e idosos) chega a ser maior que a ativa. Para evitar um caos previdenciário, é preciso reinserir os idosos no mercado de trabalho.
Ofertas restritas
Entretanto, os empregos disponibilizados para idosos ainda estão restritos a grandes redes. Muitas agências de recursos humanos privadas não oferecem vagas para pessoas acima dos 55 anos. Na Agência do Trabalhador do Paraná, a colocação de pessoas acima dessa faixa etária equivale a apenas 2% do número total. “Em janeiro, quando a oferta de vagas é um pouco maior, a porcentagem também aumenta e esse mercado tem crescido muito”, diz a coordenadora estadual de intermediação de mão de obra, Ângela Carstens.
Mas mesmo na Agência do Trabalhador, as vagas de emprego não são específicas para idosos. O que se tem são vagas sem limite de idade, em que a terceira idade também pode ser encaixada. O mesmo acontece com as feiras de emprego organizadas pela prefeitura. O secretário municipal de Trabalho e Emprego, Paulo Bracarense, afirma que Curitiba tem buscado uma forma de reinserir os idosos no mercado de trabalho. “Nós estamos trabalhando para essa situação. As empresas oferecem as vagas, mas não para idosos. Não tem essa discriminação. Nós precisamos fazer uma campanha com o setor empresarial para mudar essa situação”, diz.
Vagas
São poucos os locais que oferecem empregos para pessoas que já chegaram à terceira idade. Veja onde procurar empregos:
Agência do Trabalhador
- Os empregos podem ser procurados tanto pela internet quanto presencialmente. Na internet, é preciso fazer um cadastro no portal Mais Emprego, do governo federal. Lá, as vagas serão apresentadas pela pretensão de emprego do trabalhador. Não existem vagas específicas para a terceira idade, mas a agência afirma que tenta fazer com que a maioria das ofertas não tenha limite de idade.
Serviço
- A Agência do Trabalhador de Curitiba fica na Rua Pedro Ivo, 750. Para acessar o portal Mais Emprego acesse http://maisemprego.mte.gov.br. Outras agências também podem ser consultadas no site da Secretaria de Estado do Trabalho, Emprego e Economia Solidária (www.setp.pr.gov.br/setp/LocaisAtendimento/ CtrlLocais.php).
Portal Terceira Idade
- O Portal Terceira Idade http://empregos2-portalterceiraidade.blogspot.com/, voltado para o público acima de 60 anos, além de trazer artigos e eventos relacionados, também possui um mural de empregos. Nele, empregadores cadastram vagas e o idoso pode publicar o seu currículo.
Fonte Gazeta do Povo